A nossa pele compartilha o mesmo folheto embrionário do sistema nervoso central. Isso significa que tudo que afeta o cérebro pode também impactar a pele. Um dos principais vilões nesse processo é o cortisol, hormônio do estresse.
“O excesso de cortisol irá promover um processo inflamatório, comprometer a função barreira da nossa pele e a imunidade, pois o sistema imune reage perante as emoções promovendo quadros de alergia”, explica Patrícia França, farmacêutica e gerente científica.
Essas alterações podem se manifestar como manchas vermelhas ou urticária. “O estresse pode causar várias alterações na pele, inclusive manchinhas vermelhas, que são chamadas de urticária colinérgica”, conta a Dra. Mônica Aribi, dermatologista e sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Como as emoções impactam a pele
A farmacêutica ressalta que a pele possui muitas terminações nervosas que se comunicam diretamente com nosso estado emocional. Alterações emocionais podem desencadear vermelhidão, coceira e urticária. “Além do estresse, a depressão e ansiedade também podem causar alterações na pele, como seborreia, caspa, oleosidade que por vezes irrita a pele e forma manchinhas vermelhas na pele, chamadas de dermatite”, acrescenta a Dra. Mônica.
“Podemos dizer que as alergias emocionais estão relacionadas a uma forma não verbal de expressar os sentimentos, processo que chamamos de somatização que nada mais é do que a forma não intencional de liberar as emoções em diferentes partes do corpo”, completa Patrícia França.
Segundo a dermatologista, a urticária colinérgica costuma surgir nos braços e pernas e provoca coceira intensa. “No caso das dermatites em geral aparecem no centro da face, ao redor do nariz ou na fronte e atrás das orelhas. Nesse segundo caso não há coceira”, explica Dra. Mônica.
Tratamento e prevenção
O manejo das alterações cutâneas passa pelo controle da causa emocional e, quando necessário, corticoterapia para as lesões. A medicação pode ser aplicada topicamente ou, em casos mais graves, via oral.
Patrícia França reforça que um bom tratamento deve considerar a história clínica do paciente, o ambiente em que vive e o estilo de vida adotado. “Uma boa forma de tratar, ou até mesmo auxiliar na sua prevenção, é iniciar com um bom manejo da ansiedade e do estresse. Com isso diminuímos o impacto emocional e o gatilho do processo alérgico.”
Além disso, há fórmulas que ajudam a reduzir a inflamação e suplementos imunomoduladores que contribuem para a microbiota intestinal, responsável por cerca de 80% dos neurotransmissores ligados ao bem-estar.
“É importante também cuidar da sua imunidade com suplementos imunomoduladores e que também contribuem para uma boa microbiota intestinal. Afinal, o intestino produz 80% dos nossos neurotransmissores relacionados ao bem-estar”, destaca a farmacêutica.
Por fim, Patrícia lembra que tratamentos farmacológicos podem incluir antialérgicos e corticóides, e que o suporte psicológico é fundamental: “O suporte psicológico também é útil, pois se não retirarmos a causa do distúrbio psicológico, os sintomas poderão persistir.”
