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Covid-19 causa problemas neurológicos em mais de 30% dos pacientes, aponta estudo

Estudo desenvolvido pela USP e Unicamp mostra que 1 em cada 3 pessoas que tiveram Covid-19 podem apresentar sequelas neurológicas

Covid-19 causa problemas neurológicos em mais de 30% dos pacientes, aponta estudo / Foto: Shutterstock

A todo tempo a ciência vem descobrindo novas sequelas causadas pela Covid-19. Dessa vez, um estudo coordenado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pela Universidade de São Paulo (USP), mostrou que os problemas neurológicos afetam mais de 30% dos pacientes contaminados com o coronavírus. 

A pesquisa mostra que os danos no sistema nervoso estão entre as complicações mais frequentes da Covid-19, além daquelas que atingem o sistema pulmonar. De acordo com os pesquisadores, os sintomas estão associados principalmente a quadros graves da doença. No entanto, as sequelas também podem atingir quem teve quadros leves a moderados.

Impacto da Covid-19 no cérebro

O Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, neurologista e neurocirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a Covid-19 causa um processo de inflamação generalizada, que atinge não só o pulmão e as vias aéreas, mas também o cérebro. Ela acomete especialmente as estruturas e células que dão suporte aos neurônios.

“Os neurônios podem ser danificados e podem acontecer micro-hemorragias dentro do cérebro. A inflamação também pode atingir pequenos vasos, levando a obstrução da passagem de sangue. A consequência é uma isquemia cerebral”, detalha o neurocirurgião. O paciente pode apresentar a forma aguda dos sintomas, ou ter manifestações tardias, o que é a “covid longa”.

Tipos de danos neurológicos

O médico reforça que as manifestações neurológicas e psiquiátricas estão entre as mais frequentes entre os casos de Covid-19. Ele aponta que em torno de 34% dos pacientes recuperados foram diagnosticados com um ou mais problemas psiquiátricos e/ou neurológicos. O especialista cita as sequelas que mais atingem a saúde mental:

  • Ansiedade;
  • Depressão;
  • Estresse pós-traumático (geralmente após internação);
  • Insônia;
  • Dificuldade de concentração;
  • Problemas de memória;
  • Cansaço sem muito esforço físico;
  • Dores musculares;
  • Brain Frog, ou névoa cerebral.

“Quem passa por um quadro grave pode ter uma ansiedade ou uma depressão que se manifesta de uma forma mais ou menos acentuada”, completa.

É possível prevenir essas alterações do cérebro?

Segundo o neurocirurgião, não há uma maneira de prevenir o surgimento de problemas neurológicos. O que pode ser feito, no entanto, é o diagnóstico rápido. “Seja uma manifestação leve ou mais grave da doença, a maneira de evitar esses problemas é diagnosticar o quadro rapidamente”, destaca.

“Se é encontrada alguma alteração no exame neurológico, geralmente submete-se os pacientes a tomografia ou ressonância magnética. No caso de alguma inflamação, o mais importante é tratá-la para evitar as sequelas tanto neurológicas quanto psiquiátricas”, ressalta o neurologista. 

Com dois anos e meio de pandemia, ainda é preciso esperar para acompanhar o quadro dos pacientes ao longo do tempo. Para o Dr. Wanderley, os hospitais, centros médicos e ambulatórios públicos devem estar preparados para tratar esses pacientes com problemas neurológicos. Isso porque o vírus vai permanecer em nosso dia a dia. “O vírus veio pra ficar, então nós precisaremos nos adaptar”, finaliza.

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