Basta uma bebida gelada ou um alimento cítrico e é possível sentir dor aguda ou sensação de choque elétrico nos dentes. A sensibilidade nos dentes é um incômodo bastante comum, geralmente associado a algum problema de saúde bucal. No entanto, ela também pode ser causada pelo clima frio, típico do inverno.
O que causa sensibilidade
Antes de entender o que é e o que causa a sensibilidade, é preciso compreender a composição dos dentes. De acordo com o cirurgião-dentista Marcelo Kyrillos, o dente é composto de três camadas principais: o esmalte, a dentina e a polpa dental.
“O esmalte é a camada externa dura que protege a dentina, que é mais macia e contém pequenos túbulos ou canais microscópicos que se conectam à polpa dental, onde estão os nervos e vasos sanguíneos do dente”, diz.
Quando o esmalte se desgasta devido a fatores como a erosão dentária (uma abrasão por escovação excessiva, pelo consumo de alimentos ácidos, entre outros causadores), a dentina fica exposta. Segundo o cirurgião-dentista, bruxismo (ranger dos dentes) também desgasta esse esmalte.
“No caso da retração gengival, se a gengiva retrai, ela expõe a raiz do dente e a dentina que está logo abaixo dela. Isso permite que estímulos externos, como calor, frio, doces ou até mesmo o toque, atinjam os nervos do dente através dos túbulos dentinários, o que resulta na dor aguda característica da sensibilidade dentária”, completa o profissional.
Relação do frio com a dor de dente
Segundo o médico, este sintoma é especialmente comum durante o inverno. Isso porque o frio age diretamente no esmalte, seguido da dentina, até atingir a polpa dental, uma área cheia de terminações nervosas.
O local exato não é facilmente identificável, pois trata-se de uma resposta natural dos dentes, sem que haja nenhuma alteração patológica. Além disso, há bocas mais sensíveis ao frio. As mais vulneráveis são aquelas que apresentam um grau de erosão dentária, de bruxismo ou de retração gengival, exemplifica Marcelo.
O que provoca sensibilidade
Beber ou comer algo gelado, consumir alimentos cítricos ou doces, escovar os dentes com água fria, respirar pela boca… todos esses hábitos são gatilhos para a sensibilidade e, assim, para a dor de dente.
Além disso, outro fator que contribui para a sensibilidade dos dentes é a sinusite, que age sobretudo sobre os dentes superiores. Por serem ligadas ao seio maxilar, as raízes dos dentes molares e pré-molares são impactadas quando a doença se manifesta.
“O incômodo é bem semelhante ao da dor de dente. No entanto, a dor deve ser passageira. Assim que a crise passar, ela deve ir embora junto”, conta o cirurgião-dentista Marcelo Kyrillos.
Este é o único caso em que o quadro de sensibilidade naturalmente deve se prolongar. Isso porque, se a sensibilidade não for momentânea e durar mais de 30 segundos, é necessário buscar atendimento odontológico com urgência, alerta a SBE (Sociedade Brasileira de Endodontia).
Prevenção
Conforme o cirurgião-dentista, a proteção da camada de esmalte e a manutenção da saúde gengival são essenciais para prevenir a sensibilidade.A escovação suave e o uso de cremes dentais específicos para dentes sensíveis podem ajudar a fortalecer e proteger essas camadas.
Aliás, trocar o creme dental para aqueles dedicados aos dentes mais sensíveis é a primeira medida a ser adotada, destaca Marcelo. O especialista recomenda aqueles que contenham Fluoreto de Amina e Nitrato de Potássio na fórmula para ajudar a fortalecer o esmalte.
“Esses cremes preenchem os túbulos dentinários ou bloqueiam a ação do nervo exposto. O mesmo para o enxaguante bucal, que também deve ser desenvolvido para dentes sensíveis com Flúor e Cálcio na composição”, afirma.
Já a escovação deve ser aplicada com menos força e com escovas mais macias. Outra dica, é evitar alimentos ácidos, como laranja, limão e vinho, que são erosivos.
Tratamento
Quando a sensibilidade já tomou conta dos dentes, algumas medidas podem ajudar a tratar o problema. Para casos mais complexos, Marcelo indica o tratamento como a Fluorterapia e a Laserterapia, além do “selante”, normalmente de verniz fluoretado, que forma uma camada protetora sobre o dente sensível.
Já uma proteção dentária para evitar a exposição ao ar, como um protetor bucal noturno, pode ser uma alternativa para quem sofre excessivamente com as baixas temperaturas. Porém, é preciso ter indicação do ortodontista para evitar prejuízos à arcada dentária e ao alinhamento dos dentes.
“Os dentes reagem ao nosso dia a dia. Entendê-los vai muito além de preservá-los. Conhecer o que se passa dentro da boca, é prevenir enfermidades e indisposições. Uma sensibilidade inofensiva pode virar uma dor aguda de dente, de cabeça, de pescoço ou na cervical, para citar alguns exemplos, e nos afetar de forma significativa. Verificar os sinais de alerta, é crucial”, conclui o cirurgião-dentista.
