A comunicação é uma necessidade do ser humano, e ela pode ocorrer de diversas formas: seja através da escrita, de expressões faciais, gestos ou da fala, por exemplo. Falar, aliás, é a forma mais comum de se comunicar – e é também uma forma de identificar possíveis distúrbios, como transtornos de personalidade dramática.
“Se excluirmos casos de surdez e educação, pessoas que falam alto demais e enfatizam muito as palavras durante a fala podem estar enquadradas em um dos transtornos de personalidade dramática”, explica o Pós PhD em neurociências e membro da Royal Society of Biology no Reino Unido, Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
O que são os transtornos de personalidade dramática?
Os transtornos de personalidade dramática compreendem um grupo de condições que envolvem comportamentos excessivamente emocionais e instáveis. É o caso, por exemplo, do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), transtorno de personalidade narcisista, antissocial e histriônico. De acordo com o neurocientista, eles se caracterizam por instabilidade emocional, impulsividade e dificuldade em manter relacionamentos estáveis e saudáveis.
O que a fala tem a ver com transtornos de personalidade?
Para o Dr. Fabiano de Abreu Agrela o modo como uma pessoa fala pode indicar a influência do transtorno no seu dia a dia. “O tom de voz reflete os estados internos de alguém, assim a tonalidade pode ser uma influência significativa e motivo de observação. Os padrões tonais podem definir processos cognitivos que devem ser observados”, diz.
Transtornos como o transtorno bipolar e o transtorno de personalidade narcisista, por exemplo, podem incluir comportamentos de “grandiosidade” o que pode incluir, em alguns casos, falar de forma mais alta, aponta o especialista.
Exceções
“Claro que, em uma primeira análise, também devem ser considerados possíveis distúrbios da voz ou mudanças relacionadas à puberdade, principalmente quando há sintomas como som trêmulo, rouquidão, som sussurrante ou que oscile entre muito alto e muito baixo. Nesses casos deve-se procurar um especialista para prevenir danos futuros e melhorar a função vocal”, alerta o Dr. Fabiano.
Além disso, é preciso destacar que falar alto por si só não é o suficiente para diagnosticar um transtorno de personalidade. Para isso, é preciso fazer uma investigação clínica, com apoio de psicoterapeutas e psiquiatras. O tom de voz é apenas um dos múltiplos sintomas.