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Crianças primeiro: o que se sabe sobre a vacina da dengue

Médicos explicam como funciona o esquema vacinal, qual o público prioritário do SUS e qual a eficácia da vacina da dengue

Crianças primeiro: o que se sabe sobre a vacina da dengue - Foto: Shutterstock

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 1.094 óbitos em decorrência da dengue em 2023. A doença, que ocorre de forma endêmica no país, é causada pelo mosquito Aedes Aegypti. E agora ganha um forte adversário: uma vacina que disponível gratuitamente pelo SUS.

O governo federal anunciou a chegada de 750 mil vacinas para iniciar uma campanha de imunização no país. A previsão da pasta é que, até o fim de 2024, o governo receba uma quantidade de vacinas suficiente para imunizar 3,2 milhões de brasileiros de 10 a 14 anos com as duas doses necessárias para o ciclo completo, com um respeitando um intervalo de três meses entre elas.

O Ministério da Saúde divulgou no fim de janeiro que vai iniciar as aplicações em 521 municípios de 16 Estados e do Distrito Federal já a partir de fevereiro. Para o Dr. Raphael Rangel, biomédico virologista, professor e pesquisador do núcleo de pesquisa em doenças infecciosas da Unigranrio, essa é uma boa notícia.

“Com uma vacina específica de dengue, então conseguimos ter mais um aliado para esse combate. Não só os cuidados para proliferação dos mosquitos, que devem continuar, mas a vacina vem com mais uma proteção para toda a população”, diz o especialista.

O que se sabe sobre a vacina

A Qdenga, da empresa Takeda Pharma Ltda., é composta por quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença. O imunizante teve aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023. De acordo com o órgão regulador, a dose confere ampla proteção contra a dengue.

“Nos estudos clínicos, realizados pela farmacêutica responsável pela Qdenga, a imunização demonstrou uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves, sendo necessário duas doses do imunizante”, explica a Dra. Lorena Faro, infectologista e diretora médica do Grupo Alliança.

A especialista lembra que a dengue possui quatro sorotipos, e ao se infectar por um deles, a pessoa adquire imunidade contra aquele tipo específico, mas ainda fica suscetível aos demais. “Por isso a importância da vacinação que protegerá a população de todos sorotipo”, diz a médica.

“O esquema vacinal da Qdenga possui duas doses, com intervalo de 90 dias entre cada uma. Quem já teve dengue também deve se vacinar para evitar novas infecções ou, em caso de contágio, sintomas mais leves. Além disso, nessas pessoas, espera-se uma resposta melhor ao imunizante”, acrescenta.

No entanto, a recomendação para quem teve dengue recentemente é aguardar seis meses para tomar a vacina. Quem receber o diagnóstico da doença no intervalo entre as doses deve manter o esquema vacinal, desde que o prazo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.

As contraindicações da Qdenga são as mesmas para as vacinas feitas a partir de qualquer vírus vivo. Ou seja, gestantes e lactantes e pessoas com imunodeficiência não podem tomar o imunizante.

Público-alvo

As primeiras doses disponíveis para aplicação no SUS são destinadas para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Segundo Lorena, essa escolha se baseia na epidemiologia de hospitalizações, que no país se concentra muito na faixa pediátrica. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, de 2019 a 2023 houve 16,4 mil jovens internações de jovens no Brasil. Além disso, a fabricante não tem capacidade de produzir lotes maiores do imunizante, informa a médica. 

“Vale ressaltar que o Brasil é o primeiro a incluir o imunizante em um programa nacional de distribuição gratuita. O esquema vacinal no SUS vai ser divulgado pelo Ministério da Saúde à medida que receberem dosagens, mas os adultos já podem se vacinar em laboratórios particulares”, destaca.

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