Pelo menos 17 pessoas morreram no Rio Grande do Sul vítimas de leptospirose. Quatro outros óbitos estão em investigação, diz Centro de Vigilância em Saúde. A contaminação já era esperada devido à exposição da população às enchentes que atingiram o estado por mais de um mês.
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira, que é transmitida principalmente pela urina de animais infectados, especialmente roedores.
“Eventos como enchentes e desastres naturais, como a tragédia no Rio Grande do Sul (RS), aumentam a exposição da população à água contaminada, facilitando a transmissão da bactéria”, aponta Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Além disso, a falta de saneamento básico adequado e o acúmulo de lixo favorecem a proliferação de roedores, o que contribui para o aumento do risco de surtos.
Sintomas da leptospirose
De acordo com o médico, os sintomas de leptospirose variam de leves a graves e podem incluir:
- Febre alta;
- Cefaleia intensa;
- Dores musculares, especialmente nas panturrilhas;
- Calafrios;
- Vômitos;
- Diarreia;
- Icterícia (amarelamento da pele e olhos);
- Erupções cutâneas;
- Insuficiência renal e hemorragias em casos graves.
“Na manifestação desses sinais, é crucial procurar atendimento médico imediatamente para a realização de exames específicos que confirmem o diagnóstico. O tratamento precoce é essencial para prevenir complicações graves”, destaca Filipe.
Tratamento e prognóstico
O tratamento da leptospirose inclui a administração de antibióticos, como a penicilina ou a doxiciclina, por exemplo, que são mais eficazes quando iniciados precocemente na fase aguda da doença.
Em casos graves, conforme o infectologista, pode ser necessário suporte hospitalar, incluindo terapia intensiva, reposição de fluidos e eletrólitos, diálise em casos de insuficiência renal, e cuidados específicos para complicações hemorrágicas e respiratórias.
“O prognóstico do paciente depende da rapidez do diagnóstico e início do tratamento. Isso porque pacientes que recebem tratamento adequado e precoce geralmente se recuperam bem, mas casos graves podem resultar em complicações permanentes ou óbito se não tratados adequadamente”, destaca.
Prevenção pode diminuir número de casos
Nesse sentido, o médico ressalta a importância das medidas de prevenção contra a doença, que podem reduzir o número de casos.
“Medidas preventivas incluem a melhoria do saneamento básico, controle de roedores, educação da população sobre os riscos e formas de evitar o contato com água e solo potencialmente contaminados, especialmente após enchentes. Além disso, o monitoramento ambiental e a resposta rápida a surtos são fundamentais”, afirma o médico.