Quem nunca sofreu por amor? No Dia dos Namorados, a dor de uma desilusão amorosa fica ainda mais latente. O que pouca gente sabe é que o coração partido é, na verdade, uma síndrome associada ao estresse emocional, que pode trazer danos à saúde cardíaca.
O que é a síndrome do coração partido?
A síndrome do coração partido, também conhecida como cardiomiopatia induzida por estresse ou síndrome de Takotsubo, se caracteriza por sintomas semelhantes a um infarto do miocárdio. No entanto, não há obstrução das coronárias.
“Durante um episódio, o ventrículo esquerdo do coração sofre uma paralisia no ápice e no centro. Isso o deixa sem força para desempenhar sua função adequada. Esse quadro é desencadeado pela exposição excessiva a hormônios do estresse, como a adrenalina, que são produzidos quando somos submetidos a fortes emoções”, explica o cardiologista Dr. Gabriel Gonzalo, do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL).
Essa síndrome não é exclusiva de pessoas que vivenciam o fim de um relacionamento amoroso. Isso porque ela pode se desencadear após qualquer evento estressante, como a perda de um ente querido, um acidente, problemas financeiros ou até mesmo uma discussão intensa. Entre os sintomas, estão dor no peito, falta de ar, palpitações e até mesmo desmaios repentinos.
Embora seja considerada rara, a Síndrome do Coração Partido pode ter consequências graves e até mesmo levar à morte. Estima-se que de 1% a 4% das pessoas afetadas por essa síndrome possam evoluir para óbito, especialmente quando não tratadas. Isso ocorre devido a complicações como arritmias cardíacas, formação de trombos intracavitários ou insuficiência cardíaca refratária.
Impacto no corpo e na mente
Um aspecto relevante é a maior prevalência dessa síndrome em mulheres. “Alterações hormonais, especialmente durante a menopausa, quando ocorre a diminuição da produção de estrogênio, um hormônio protetor do coração, podem contribuir para essa maior suscetibilidade. Além disso, as mulheres tendem a apresentar maior sensibilidade ao estresse físico e emocional”, afirma o cardiologista.
Além dos sintomas físicos, a síndrome do coração partido também pode ter um impacto emocional significativo. Sentimentos de tristeza profunda, ansiedade e depressão são comuns durante esse período.
O tratamento depende da gravidade dos sintomas, mas é semelhante ao tratamento para insuficiência cardíaca. Entre eles, o uso de medicações inibidoras da enzima conversora de angiotensina (IECA), diuréticos e betabloqueadores, assim como uso de vasodilatadores para enfrentar a mecanismo que causou o problema e inclusive pode incluir antidepressivos e ansiolíticos se for o caso.
Apesar de não existir uma forma eficaz para prevenir o problema, o Dr. Gabriel explica que a adoção de alguns hábitos pode contribuir para uma melhor saúde cardíaca. “Devemos adotar um estilo de vida mais saudável, tanto física quanto emocionalmente, buscando atividades que aliviam nossa tensão e promovem o autocontrole, como atividade física e prática de esportes ou atividades de relaxamento”, conclui o médico.