O Dia Mundial de Combate à Tuberculose (24 de março) foi criado em 1982 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A data surgiu como homenagem aos 100 anos do anúncio do descobrimento do bacilo causador da tuberculose, ocorrida em 24 de março de 1882, pelo médico Robert Koch.
Segundo a OMS, um terço da população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis e, por isso, corre risco de desenvolver a doença. Além disso, há cerca de 8,8 milhões de doentes e 1,1 milhões de mortes por ano no mundo.
Em território brasileiro, a condição é bastante frequente. O Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 82% do total de casos de tuberculose no mundo. Embora seja uma doença passível de ser prevenida, tratada e mesmo curada, ainda mata cerca de 4,7 mil pessoas todos os anos no país.
O Ministério da Saúde destaca que cada paciente com tuberculose pulmonar que não se trata, pode infectar em média 10 a 15 pessoas por ano. Alguns fatores contribuem para a disseminação da doença, tais como a pobreza e má distribuição de renda, a AIDS, a desnutrição, as más condições sanitárias e a alta densidade populacional.
Sinais de alerta
Os sintomas e sinais mais frequentes da tuberculose são:
- Tosse seca ou com secreção por mais de três semanas, podendo evoluir para tosse com pus ou sangue;
- Cansaço excessivo e prostração;
- Febre baixa geralmente no período da tarde;
- Suor noturno;
- Falta de apetite;
- Emagrecimento acentuado;
- Rouquidão.
No entanto, alguns pacientes não apresentam nenhum indício da doença, enquanto outros apresentam sintomas aparentemente simples, que não são percebidos durante alguns meses. Pode ser confundida com uma gripe, por exemplo, e evoluir durante 3 a 4 meses sem que a pessoa infectada saiba, ao mesmo tempo em que transmite a doença para outras pessoas.
Longo percurso até o diagnóstico de tuberculose
Foi o que aconteceu com a empresária Ariane Albino, de 32 anos, que desconfiou estar com gripe ou Covid-19 quando uma tosse forte não cedia, em abril de 2022. Com uma filha de pouco mais de dois anos, logo fez o teste para afastar qualquer risco de covid-19 e começou a tratar uma possível gripe.
Inicialmente, com medicamentos comprados na farmácia, melhorava um pouco mas a tosse voltava cada vez mais forte. Nesses momentos, corria para unidades de Pronto Atendimento, onde recebia antibióticos ou corticóides. “Dormir uma noite toda era praticamente impossível, porque a tosse era constante. Mas acreditei que estava trabalhando muito, com uma filha pequena em casa e bastante cansada com a rotina pesada e isso refletia no meu corpo”, conta.
Foi após uma viagem ao Chile, em agosto, que os sintomas pioraram ainda mais. “Lá, com o frio mais intenso, subida de montanhas, enfim, coisas que exigiam muito do meu corpo, comecei a sentir, além do cansaço extremo, sudorese noturna”, relembra. Ela conta que ficou sete dias no país e, na volta, começou a me sentir ainda pior.
O alerta do risco de tuberculose veio de onde menos esperava. O pai da empresária viu uma notícia sobre sintomas de tuberculose em um aplicativo com serviços de saúde criado pela Prefeitura de Curitiba, onde a família mora. “Meu pai então marcou uma consulta com sua infectologista no mesmo dia. Observando os sintomas, a médica já suspeitou da tuberculose, pediu exames e comprovou o diagnóstico. O susto foi enorme, já que, além de estar com a doença, havia o risco da minha família ter pego também”, recorda Ariane.
Transmissão
A tuberculose é contagiosa e a transmissão é direta de pessoa para pessoa. A aglomeração é a principal condição para infecção. A pessoa com tuberculose expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso. A presença de desnutrição, diabetes, tabagismo, uso de drogas, queda da imunidade são fatores de riscos para que a macro bactéria se multiplique e desenvolva a infecção.
Quando procurar ajuda
A infectologista do Hospital Marcelino Champagnat, Camila Ahrens, alerta que, em casos de tosse persistente e perda de apetite, é importante ligar o alerta e procurar uma unidade de saúde para fazer o exame da tuberculose. Quando tratada corretamente, é curada e não deixa sequelas.
Apesar da Ariane descobrir o diagnóstico apenas cinco meses depois, ela ficou sem nenhum problema, afirma a médica. Além disso, quatro dias antes de tomar os últimos comprimidos, a empresária descobriu uma nova gravidez. “Tuberculose é uma doença perigosa, mas, quando tratada, tem cura”, ressalta a infectologista.
“A tuberculose tem cura, e o tratamento oferecido pelo SUS consiste em tomar os medicamentos corretamente durante seis meses. Principalmente neste período, deve-se cortar a bebida alcoólica, investir em uma alimentação mais saudável e na atividade física”, explica a especialista.