A fila de pacientes à espera de um transplante de córnea praticamente dobrou no Brasil após a pandemia de Covid-19. Atualmente, são 24,3 mil pessoas aguardando para realizar o procedimento, número que era de 12,2 mil inscritos em 2019, segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Segundo o médico oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá, Dr. Orivaldo Amancio Nunes Filho, esse aumento ocorreu devido a uma paralisação de praticamente todos os bancos de olhos do país por conta da Covid. “Essa situação tende a melhorar agora com a volta da normalidade e, logicamente, o número de doações deve aumentar significativamente”, prevê o especialista.
Em quais casos o transplante de córnea é indicado?
O médico explica que, normalmente, o transplante de córnea é realizado nos pacientes que tiveram algum trauma perfurante na córnea, ou nos casos mais avançados de ceratocone.
O procedimento ainda pode atender pacientes que tenham qualquer opacidade de meios na córnea, e também pessoas que passaram pela operação de catarata, e por um motivo ou outro tiveram uma descompensação de córnea.
“Então, toda situação em que houver uma dificuldade de transparência da córnea, e essa opacidade não se resolver com lentes corretivas, é necessário fazer o transplante”, afirma.
O pré e o pós-operatório
No pré-operatório é necessário fazer a higienização dos cílios, além de verificar se há alguma infecção na pálpebra ou na conjuntiva. Nos pacientes mais idosos também é preciso realizar uma avaliação cardiológica e hematológica.
O pós operatório depende do tipo de transplante, explica o médico. “Normalmente, nós temos o transplante lamelar, penetrante e o endotelial. O pós operatório do lamelar e do endotelial é super tranquilo, pois o paciente tem uma recuperação muito mais rápida em relação ao transplante penetrante”, afirma o oftalmologista.
Normalmente, segundo o profissional, há necessidade de utilização em torno de 16 pontos, que normalmente são sepultados. Por isso, o paciente não sente dor e nem desconforto no pós-operatório.
Riscos e pontos de atenção
Por se tratar de uma região delicada, o paciente pode ter receio de realizar o procedimento. No entanto, não é preciso se preocupar. “Toda e qualquer cirurgia, por menor que seja, têm seus riscos, mas no transplante de córnea os riscos são pequenos”, tranquiliza o especialista.
Além disso, o médico destaca que a córnea é um órgão avascular, isto é, não tem vasos sanguíneos. Portanto, o risco de rejeição é muito menor do que qualquer outro tipo de transplante, como renal ou cardiológico.
O mais importante é que as pessoas façam uma avaliação oftalmológica de rotina, ressalta o Dr. Orivaldo. A atenção deve ser maior principalmente entre adolescentes, cujo índice de ceratocone é alto e existe um desconhecimento muito grande em relação a isso.