A respiração nasal e alimentação bucal são atos fisiológicos essenciais para a sobrevivência e o desenvolvimento de todo ser humano. Porém, quando invertemos as funções dos órgãos respiratórios — como respirar pela boca — temos graves complicações de desenvolvimento facial, oral e dentário. Quem alerta é o Dr. Mauro Macedo, cirurgião dentista e membro da Academia Brasileira de Odontologia.
Isso porque o ato de respirar pela boca gera aumento na pressão aérea intra-oral. O resultado é um palato (céu da boca) estreito e profundo, assim como uma atresia nos seios maxilares (cavidades ósseas na parte lateral do meio da face).
O que leva alguém a respirar pela boca?
Mauro explica que há diferentes causas que levam a um paciente desenvolver a respiração oral. As principais são as obstruções das vias aéreas, desvios de septo, pólipos nasais, malformações congênitas e hiperplasia das adenoides.
Aliás, a chamada “face adenoideana” é uma característica comum a pacientes com esse tipo de problema. Essa face se caracteriza pelo rosto alongado e estreito com olhos de aparência caídos, olheiras profundas, sulcos genianos (laterais da bochecha) marcados, lábios entreabertos, hipotônicos (fracos) e ressecados e narinas estreitas. Além disso, há assimetrias faciais (metade direita da face diferente da metade esquerda).
Riscos do hábito
O desenvolvimento dos dentes e maxilares destes pacientes é também se apresenta alterado de forma negativa, concorrendo a uma maxila atrésica e protruída (pra frente) com característica de “paciente dentuço”, mordida aberta anterior e mordida cruzada nos dentes posteriores. Isso leva a uma mastigação totalmente alterada e uma estética dentária bem desagradável.
A língua destes indivíduos assume comportamento incorreto durante o repouso e nas suas funções, desenvolvendo deglutições mal adaptadas e um posicionamento lingual alterado dentro da boca, perpetuando e piorando o desenvolvimento e posicionamento dos maxilares e dos dentes.
Os problemas não param somente na face, dentes e nos maxilares, declara Dr. Mauro. “Pacientes respiradores orais têm alterações de desenvolvimento de todo o corpo, com rotação posterior da cabeça, ombros para frente, tórax (peito) pouco desenvolvido, postura ‘encurvada’, abdome flácido e pra frente”, afirma.
Solução
O tratamento começa pelo dentista especialista em ortopedia funcional dos maxilares e pode englobar múltiplos profissionais como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, osteopatas e médicos otorrinos. A regra é tratar o mais cedo possível, conclui o especialista