O Brasil registrou 886 mortes por meningite em 2023. Nos sete primeiros meses do ano, diversos óbitos foram registrados no país, especialmente no estado do Ceará, onde morreram 17 pessoas até o dia 6 de julho.
A meningite é uma doença inflamatória das membranas (meninges) que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Esta condição pode ser causada por infecções virais, bacterianas ou fúngicas. Contudo, a forma bacteriana é a mais grave e pode levar a complicações sérias, como danos neurológicos permanentes ou até a morte, isto é, se o tratamento não acontecer rápido.
“Bebês e crianças pequenas têm maior risco de contágio, já que estão desenvolvendo o sistema imunológico. Além disso, pessoas com condições médicas crônicas ou tratamentos imunossupressores, também estão mais propensas à infecção”, alerta o cardiologista Fábio Argenta.
Para combater a doença, é preciso também combater a desinformação sobre o tema. Por isso, o médico esclarece alguns mitos e verdades em relação à meningite.
A meningite é sempre contagiosa
Mito. “Primeiro é necessário entender que existem os três tipos de contágio, a viral, por exemplo, geralmente é menos grave; a bacteriana, que é mais séria, pode ser contagiosa, dependendo do tipo de bactéria envolvida e a fúngica que não é infecciosa e nem contagiosa”, diz Argenta.
A transmissão de pessoa para pessoa se dá por meio de gotículas de secreção respiratória ou garganta, por meio de espirros, tosse, compartilhamento de utensílios e o beijo, por exemplo.
Meningite nem sempre causa sintomas imediatamente após a infecção
Verdade. As manifestações da enfermidade podem se desenvolver rapidamente, em poucas horas, ou mais lentamente, ao longo de vários dias. Isso depende do tipo de cepa e da saúde geral da pessoa infectada. Apesar disso, o sintomas gerais incluem febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez no pescoço, náusea e vômito.
Todas as vacinas contra meningite protegem contra todas as formas de doença
Mito. Existem diferentes tipos de imunizantes para cada cepa. Não existe uma vacina única que proteja contra todas as formas da doença. “É importante ressaltar que a proteção da vacina não é para toda a vida. Por isso as doses de reforço são importantes e não devem ser esquecidas”, afirma Fábio.
O Ministério da Saúde destaca que a vacinação é a forma mais eficaz de evitar a infecção. A recomendação é de sete vacinas que estão disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ter meningite uma vez não significa que a pessoa esteja imune
Verdade. “Como essa doença pode ser causada por vários patógenos diferentes, alguém com meningite bacteriana por uma cepa específica não está protegido contra as outras cepas de viral ou fúngica”, diz o especialista.
Só crianças podem contrair meningite
Mito. Pessoas de todas as idades podem contrair a doença, especialmente indivíduos com o sistema imunológico comprometido.
Remédios caseiros não podem tratar a meningite
Verdade. Essa patologia é uma condição grave que requer tratamento profissional. “A bacteriana, em particular, necessita de antibióticos intravenosos e pode exigir hospitalização. Já a viral pode ser mais focada em aliviar os sintomas, mas mesmo assim requer acompanhamento médico”, alerta o médico.
A meningite é uma doença rara e não vale a pena se preocupar
Mito. Embora a incidência da doença tenha diminuído em algumas áreas devido à vacinação, ela ainda traz uma preocupação significativa de saúde pública em diversas partes do mundo.
“Desvendar os mitos e compreender as verdades sobre a meningite é essencial para a prevenção e o tratamento eficaz. Portanto, a informação sempre será uma arma importante na luta contra essa e outras doenças infecciosas”, finaliza o cardiologista.