Ariely Delagiustina, 32, postou um vídeo no Instagram no qual relata ter engravidado de trigêmeos mesmo usando o DIU (dispositivo intrauterino). A postagem logo viralizou e passou de 3 milhões de visualizações. Nos comentários, muitas mulheres relataram não se sentir seguras em relação ao método contraceptivo. Outras, afirmaram ter dado a luz mesmo utilizando o dispositivo. No entanto, casos como esses são raríssimos.
A Dra. Lorrainy Rabelo, médica ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana, destaca que todos os métodos contraceptivos possuem uma taxa de eficácia. Alguns métodos, portanto, têm taxas superiores a outros. Essa diferenciação também existe entre os diferentes tipos de DIU.
Segundo a médica, a cada mil mulheres que utilizam o DIU de cobre, oito irão engravidar. E a cada mil mulheres que utilizam DIU hormonal, três irão engravidar. “Então, a taxa de falha é superior no DIU de cobre em relação ao DIU hormonal, mas em todos os métodos existe uma taxa prevista”, reforça.
Apesar disso, o caso de Ariely ainda chama bastante atenção. “No caso dessa mulher que engravidou de trigêmeos na vigência de DIU, é realmente um caso de exceção, muito incomum. Uma gestação única já não é uma coisa corriqueira, agora trigêmeos trata realmente de uma raridade”, enfatiza a ginecologista.
O DIU não é um método seguro?
Para a Dra. Naira Scartezinni Seena, ginecologista e obstetra formada pela Santa Casa de SP, casos como o de Ariely aparecem tanto na mídia justamente por serem muito raros. “O único método concreto sem chance de falha são os definitivos: vasectomia e a laqueadura”, afirma a médica.
Ainda assim, as taxas de eficácia do DIU são as mais altas entre os métodos contraceptivos reversíveis. Segundo a ginecologista Dra. Alyk Vargas Alcobia, o indíce de segurança varia entre 99,5% para os dispositivos de cobre e 99,8% para os hormonais. “Portanto, é preciso ter consciência de que não é impossível engravidar usando o DIU. O índice de falha do dispositivo varia de 0,2 a 0,8%”, relata a médica.
“Se comparar o DIU com a pílula anticoncepcional, no que diz respeito a eficácia, o DIU é mais eficaz, por ser um método que tem uma longa duração, de cinco a dez anos, que não depende da lembrança, da memória da paciente, de se lembrar de tomar, ou do uso correto. E não vai ter influência no funcionamento com outras medicações que essa paciente pode tomar. Então comparando DIU e pílula anticoncepcional, o DIU é mais eficaz”, analisa a Dra. Naira.
Segundo o Ministério da Saúde, apenas 1,9% das mulheres em período fértil utilizam o DIU no Brasil. E a grande causa dessa baixa adesão, provavelmente, está relacionada com a falta de informação e o grande número de dúvidas que surgem sobre o dispositivo. Por isso, é imprescindível divulgar informações precisas sobre o método contraceptivo, sem causar pânico ou alarde. Dessa maneira, contribuímos para a liberdade sexual e reprodutiva das mulheres, que podem ter acesso ao dispositivo que, aliás, é oferecido pela rede pública de saúde.