Recentemente, o caso da modelo e influenciadora Mariana Michelini, que perdeu o lábio superior após um procedimento com PMMA, repercutiu na mídia e nas redes sociais.
Mariana está em processo de reconstrução facial depois de ter feito uma harmonização facial com o uso da substância sem o seu consentimento. No dia, ela acreditou que o produto injetado pela profissional era ácido hialurônico.
Riscos do PMMA
O PMMA é a sigla para polimetilmetacrilato, uma substância plástica utilizada para procedimentos estéticos. De acordo com o médico nutrólogo Dr. Rodrigo Neves, o uso de polimetilmetacrilato na indústria estética tem mostrado cada vez mais controvérsias e problemas.
“Este material é frequentemente utilizado em procedimentos de preenchimento para melhorar a aparência da região. Entretanto, sua composição pode causar reações inflamatórias que podem levar a deformidades e necrose dos tecidos”, afirma Rodrigo.
A principal diferença entre a substância e o ácido hialurônico e o colágeno é que o PMMA é um preenchedor definitivo. Segundo Neves, além da inflamação, ele pode gerar infecção, e até mesmo a formação de nódulos, caso não sua aplicação não seja correta ou o corpo rejeite o material. Ele ainda pode causar problemas renais, se utilizado em grandes quantidades.
Histórico da substância
O PMMA é formado por microesferas plásticas. Sua aplicação no rosto iniciou na década de 80 para correção de lipoatrofia facial em pacientes que faziam intervenção medicamentosa contra a AIDS e registravam perda de gordura e estrutura facial. Pouco tempo depois, a substância passou a ser uma alternativa em tratamentos faciais e corporais para fins estéticos.
“É basicamente um acrílico que é injetado como um preenchedor. Nos últimos anos vem sendo muito procurado, principalmente para a região dos glúteos. O resultado que o PMMA gera, você não consegue com nenhum outro produto, nem silicone, nem ácido hialurônico, nada entrega o resultado igual”, esclarece o especialista.
O problema é que não há como prever reações, porque elas podem ser imediatas ou a médio ou longo prazo. De acordo com o nutrólogo, já houve casos de pacientes apresentando reações somente após 15 anos da aplicação.
Como evitar complicações
Nesse sentido, para evitar complicações em qualquer procedimento estético, o médico ressalta que o mais importante é o paciente buscar se informar sobre o que está sendo inserido no organismo dele e quem está aplicando. Ou seja, precisa ser um profissional de muita confiança.
“Às vezes o barato sai caro, mas preços exorbitantes também não garantem qualidade. Procure um preço justo e alguém muito qualificado, principalmente habilitado na área. Isso evitará complicações. O profissional precisa ser transparente, e no caso da balconista, ela afirmou que não sabia que estava aplicando PMMA”, destacou Rodrigo.
Entender qual produto será utilizado é crucial. Isso porque, por ser um procedimento permanente, sua remoção é apenas por via cirúrgica. “O paciente precisa saber com o que está lidando e com o que poderá lidar. Além de aderir aos tecidos, por vezes a remoção do PMMA não poderá completa, precisando até remover partes de músculos e outros tecidos”, finaliza o profissional.
Aqui no Brasil o PMMA tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas apenas algumas marcas tem permissão para comercialização.