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Dengue pode ser mais perigosa para cardiopatas; entenda

Cardiologista explica como a infecção por dengue é mais delicada nos casos em que o paciente apresenta uma cardiopatia pré existente

Dengue pode ser mais perigosa para cardiopatas; entenda
Dengue pode ser mais perigosa para cardiopatas; entenda - Foto: Shutterstock

O Brasil já registrou mais de 900 mil casos e mais de 180 mortes em decorrência da dengue em 2024, no que é o maior surto da epidemia na história do país. O cenário, que já é bastante delicado por si só, demanda ainda mais atenção para pacientes com cardiopatias.

De acordo com o Dr. Matheus Fileti Arruda, médico cardiologista do Hospital São Francisco de Mogi Guaçu, há dois motivos principais pelos quais a dengue pode ser mais perigosa para pacientes cardiopatas.

O risco da dengue é maior para cardiopatas

“O primeiro deles diz respeito mais aos pacientes portadores de insuficiência cardíaca, famoso ‘coração inchado’ ou ‘coração fraco’. Isso se dá porque a infecção por dengue causa uma relativa ‘desidratação’ do paciente’, explica o médico. 

Isto é, o líquido que deveria estar circulando junto com o sangue do paciente começa a se estagnar em locais que não deveria ficar. Acumula, por exemplo, na barriga (causando ascite, ou “barriga d’água”), nos pulmões (causando derrame pleural ou “água no pulmão”).

“A principal terapia para esse quadro é a hidratação venosa. Porém, esses pacientes com o coração mais fraco não toleram receber muito líquido por veia e muitas vezes podem descompensar a cardiopatia de base”, destaca o cardiologista.  

O segundo motivo seria mais relativo a pacientes que já tiveram infarto ou que necessitam tomar medicações que afinam o sangue. Isso ocorre porque a infecção por dengue pode causar uma queda importante nas plaquetas do paciente, que são responsáveis pela coagulação de sangramentos. 

“Logo, esses pacientes ficam com um risco muito aumentado para terem sangramentos pois, além de utilizarem a medicação que já reduz a coagulação por si, também tem essa baixa das próprias plaquetas, somando os dois fatores”, diz o especialista. 

Portanto, os casos que merecem mais atenção seriam os portadores de insuficiência cardíaca ou renal (que também não suportam a hidratação) e os pacientes que, por algum  motivo cardiológico ou não, façam uso de antiplaquetários ou anticoagulantes.

Sinais de alerta

De acordo com o médico, os principais sinais de alerta que mostram que um quadro de dengue pode estar evoluindo de maneira desfavorável são: 

  • Vômitos persistentes;
  • Queda da pressão;
  • Sonolência e irritabilidade;
  • Sangramento de mucosas;
  • Dor abdominal;
  • Cansaço e falta de ar. 

“No caso dos pacientes portadores de insuficiência cardíaca os sinais que mais têm relação com descompensação também da cardiopatia seriam falta de ar progressiva, inchaço das pernas e do abdome, ganho rápido de peso (inchaço)”, aponta o especialista. 

Já nos casos de pacientes que utilizam medicações para afinar o sangue, o principal alerta é o sangramento, por exemplo, das gengivas ao escovar os dentes, sangramentos na urina e nas fezes. 

Riscos específicos para pacientes com insuficiência cardíaca

Uma das principais formas de tratar o quadro de dengue é através da hidratação intensa. No entanto, isso pode oferecer riscos para quem sofre com insuficiência cardíaca. Isso porque, na maioria das vezes, esses pacientes possuem baixa tolerância ao excesso de líquidos que é causada pela disfunção do coração.

“Boa parte, inclusive, faz uso de diuréticos diariamente para eliminar o excesso de líquidos que se acumula no organismo”, comenta o especialista. 

Vale lembrar que a infecção por dengue muitas vezes causa uma relativa desidratação do paciente e, em casos mais graves, há necessidade de reposição de líquidos por via venosa. 

“Esses casos devem ser seguidos mais de perto, possivelmente em regime de internação hospitalar para melhor manejo do volume de líquidos e redução do risco de descompensação da cardiopatia”, salienta Matheus.

Todo cuidado é importante

Para o cardiologista, a mensagem que fica a todos é que a prevenção é a nossa maior defesa contra a dengue. Ele lembra que trata-se de uma doença que pode ter uma evolução muito grave tanto em pacientes cardiopatas quanto em pacientes saudáveis. Além disso, há um meio relativamente fácil para reduzir a sua incidência: acabando com o mosquito vetor da doença. 

“Para isso, é necessário que haja uma conscientização da população sobre a importância do controle e também medidas efetivas por parte do poder público para enfrentar a doença. Outra dica muito importante é a utilização de repelentes, principalmente neste período de chuvas em que há maior circulação da dengue em nosso país”, finaliza o médico.

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