Autoridades de saúde do mundo todo entraram em alerta após o vírus Nipah causar a morte de um adolescente de 14 anos na Índia. Segundo autoridades locais, a vítima faleceu apenas um dia após ter contato com o patógeno, que ataca o cérebro.
A doença está na lista da OMS (Organização Mundial da Saúde) de potencial epidêmico. O patógeno entrou para a lista de prioridades da OMS pelo seu potencial para causar uma epidemia, principalmente por não haver vacina ou tratamento para a doença.
O que é o vírus Nipah
O Nipah é um vírus zoonótico, transmitido de animais para humanos. Os morcegos frugívoros são os principais reservatórios do vírus. Ele pode ser contraído por meio de alimentos contaminados ou diretamente entre pessoas.
O primeiro surto registrado da doença ocorreu em 1999 na Malásia, onde o vírus foi transmitido aos humanos através de porcos, outra espécie hospedeira possível.
Principais sintomas da infecção pelo vírus Nipah:
- Febre alta;
- Convulsões;
- Dores de cabeça (cefaleia);
- Vômitos e náuseas;
- Oscilações da consciência;
- Pneumonia.
No entanto, os primeiros sinais da infecção podem variar bastante, o que dificulta bastante o diagnóstico inicial e a detecção de surtos. De acordo com uma estimativa da OMS, o período de incubação médio do vírus está entre 4 e 14 dias, mas também há casos onde o período foi de 45 dias.
“A manifestação do vírus varia muito em cada caso e pode ir desde quadros assintomáticos a encefalite fulminante, por exemplo”, alerta o pós PhD em neurociências e membro da Society for Neuroscience (SFN), Fabiano de Abreu Agrela.
Como o vírus afeta o cérebro?
De acordo com o especialista, o vírus afeta o cérebro através do próprio sistema imune do corpo.
“O vírus Nipah invade o cérebro usando as células do sistema imunológico como ‘cavalos de Tróia’ para atravessar a barreira hematoencefálica. Em seguida, ele infecta principalmente neurônios e células da glia, causando inflamação e danos neuronais”, explica.
Segundo o especialista, mesmo após a fase aguda da infecção, o vírus pode deixar efeitos de longo prazo no sistema nervoso. “Alguns sobreviventes enfrentam problemas de memória, dificuldades de atenção e processamento mental lento”, diz o neurocientista.