Hoje é o Dia Nacional da Imunização (09/06), data que busca conscientizar a população sobre a importância das vacinas. Além disso, lembra a todos da necessidade de manter o calendário atualizado, reduzindo a probabilidade de contrair doenças como poliomielite, rubéola, caxumba, sarampo, tétano, Covid-19 e gripe.
No entanto, segundo o Dr. Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a adesão à vacinação entre adultos ainda enfrenta desafios, especialmente devido à hesitação vacinal, gerada muitas vezes pela desinformação, e ao medo de reações adversas, que são geralmente raras e leves.
O médico lembra que os imunizantes são uma das principais estratégias de saúde pública, responsáveis por aumentar a expectativa de vida e reduzir significativamente a incidência de mortalidade causadas por doenças infecciosas.
No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, oferece durante o ano, 20 vacinas para a prevenção de doenças em todas as etapas da vida, desde a infância até a terceira idade, incluindo a gestação.
Em 2019 a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) levantou dados sobre o impacto das fake news na cobertura vacinal. 54% dos que responderam à pesquisa consideram as vacinas totalmente seguras, 45% sentem alguma insegurança, e 39% são hesitantes.
Sabendo disso, o médico esclarece alguns mitos sobre os imunizantes com intuito de aumentar a adesão à imunização e a confiança do público. Confira:
Vacinas causam autismo
Mito: Essa é uma das alegações mais infundadas e perigosas sobre o tema. Diversos estudos rigorosos já comprovaram que não existe qualquer relação entre a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (SCR) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa teoria teve origem em um estudo fraudulento publicado em 1998 que foi posteriormente retirado pela própria revista científica.
Só crianças precisam ser vacinadas
Mito: A imunização é importante para pessoas de todas as idades. Existem vacinas recomendadas para adultos e adolescentes, além de doses de reforço em algumas campanhas infantis. Manter a carteira de vacinação atualizada é essencial para garantir a proteção contra doenças.
As vacinas são inseguras e podem causar efeitos colaterais graves
Mito: Como qualquer medicamento, os imunizantes podem ter efeitos colaterais. No entanto, a maioria desses efeitos são leves e transitórios, como dor no local da aplicação, febre ou mal-estar. Reações graves são extremamente raras. A segurança das vacinas é rigorosamente monitorada por autoridades de saúde em todo o mundo.
Vacinas enfraquecem o sistema imunológico
Mito: Pelo contrário, elas fortalecem o sistema imunológico para reconhecer e combater organismos específicos causadores de doenças. Isso ajuda a proteger o indivíduo de manifestações graves e suas complicações.
As doenças preveníveis por vacinas não são mais um problema sério
Mito: Doenças como sarampo, rubéola e poliomielite ainda representam um risco à saúde pública, especialmente em países com baixas taxas de vacinação. Surtos dessas doenças podem ocorrer se cobertura vacinal da população não for suficiente.
É melhor contrair a doença naturalmente do que tomar a vacina
Mito: Doenças preveníveis por vacinas podem ser graves, levando a complicações, sequelas e até mesmo à morte, se não estiver vacinado. Portanto, a imunização é uma forma mais segura e eficaz de se proteger contra esses males.
Os imunizantes contêm substâncias nocivas, como mercúrio e formaldeído
Mito: Essa alegação é falsa. Isso porque não há evidência de que a quantidade usada dessas substâncias seja prejudicial à saúde, uma vez que são utilizadas apenas para conservar e melhorar a eficácia dos imunizantes.
Eu já tive a doença, então não da vacina
Mito: Mesmo contraindo uma doença prevenível por vacina, ainda é importante se vacinar. Algumas pessoas podem não desenvolver imunidade completa após a infecção natural, e a vacina ajuda a garantir a proteção contra a doença.
As vacinas são uma conspiração da indústria farmacêutica para lucrar
Mito: As vacinas são desenvolvidas e testadas de acordo com padrões científicos rigorosos. Seu objetivo é proteger a saúde pública, e não gerar lucro. A comunidade científica internacional reconhece os imunizantes como uma das maiores conquistas da medicina moderna.
Filipe lembra que tanto o público quanto os profissionais de saúde devem buscar informações sobre os imunizantes em fontes confiáveis e baseadas em evidências científicas.
“Sites como o do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações oferecem as informações mais precisas. Além disso, profissionais de saúde melhor informados têm maior probabilidade de recomendar vacinas da forma correta, além de combater a desinformação entre seus pacientes”, afirma.