Diversas ações de saúde são promovidas durante todo o ano para conscientizar a população sobre os riscos do tabagismo. Uma delas é o Dia de Não Fumar, celebrado no dia 16 de novembro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o cigarro é responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano – direta ou indiretamente. Ele é também a principal causa de morte evitável no mundo.
Riscos do cigarro para a saúde vascular
Quem fuma cigarro está exposto a mais de 4.000 compostos químicos (muitos deles tóxicos), incluindo a nicotina, o monóxido de carbono, a acroleína e outros oxidantes. A exposição constante induz a múltiplos efeitos patológicos no organismo, causados pelo estresse oxidativo das células.
“Os efeitos adversos do cigarro são muitos e, no caso da saúde das veias, o fumo também afeta principalmente a circulação e isso favorece o aparecimento de processos de trombose (com entupimento dos vasos e que pode levar à morte), principalmente quando associado a fatores de risco”, afirma a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
O cigarro está normalmente associado ao aumento da probabilidade de desenvolver infarto, mas ele também pode causar problemas circulatórios como arteriosclerose (envolvendo as artérias da perna) e tromboangeíte obliterante (distúrbio que afeta as extremidades do corpo). “Em ambos os casos, há riscos de ter de amputar o membro, como pernas, pés e mãos”, explica a especialista.
Isso ocorre porque a nicotina está ligada à diminuição da espessura dos vasos sanguíneos, enfatiza a médica. “Além disso, o monóxido de carbono oferece um fator adicional de risco ao diminuir a concentração de oxigênio no sangue. Todo esse processo pode causar complicações para o normal funcionamento dos vasos, que ficam mais suscetíveis ao entupimento. Isso, por sua vez, pode levar a processos de trombose, principalmente quando há fatores de risco envolvidos”, afirma.
Fatores de risco para trombose
A trombose se caracteriza pelo desenvolvimento de um ‘trombo’ (um coágulo sanguíneo), nas veias das pernas e coxas, que entope a passagem do sangue. Conforme a cirurgiã vascular, os principais fatores de risco são:
- Dor na perna;
- Obesidade;
- Uso de hormônios (como pílula anticoncepcional, por exemplo);
- Portadores de qualquer tipo de câncer;
- Portadores de Trombofilias (doença do sangue que deixa maior predisposição a coagulação sanguínea);
- Qualquer condição que aumente a imobilização (gesso, deficientes físicos, fraturas);
- Gestantes;
- Idosos.
Além disso, alguns estudos também sugerem que a exposição à fumaça do cigarro resulta na ativação das plaquetas e estimulação da cascata de coagulação. Por isso, há um aumento na incidência de trombose arterial em fumantes. “Ao mesmo tempo, as propriedades anticoagulantes naturais são significativamente diminuídas”, comenta.
A especialista acrescenta que outra complicação do cigarro é dificultar o papel do sangue no processo de cicatrização, principalmente após cirurgias e procedimentos. “O vaso mais estreito tem um fluxo menor de sangue e o suprimento de oxigênio aos tecidos é afetado. Isso dificulta a cicatrização e pode causar até necrose de pele. Várias substâncias no cigarro dificultam a formação de fibroblastos, células ligadas ao processo cicatricial”, explica.
Por fim, a médica salienta que o acompanhamento médico é fundamental no caso dos fumantes. Isso porque esta é uma maneira de impedir que as doenças vasculares apareçam ou progridam.