Mais de 172 mil brasileiros dependem da diálise para sobreviver, de acordo com o Censo Brasileiro de Diálise 2024. O número representa um crescimento de quase 55% na última década, impulsionado principalmente pelo envelhecimento da população e pelo avanço de doenças como diabetes e hipertensão.
Apesar de ser um tratamento que salva vidas, ainda existem muitos mitos sobre o tema. Por isso, o especialista Dr. Bruno Biluca, da Fenix Nefrologia, reforça a importância de informar a população: o procedimento é fundamental para milhares de pacientes, mas a prevenção das doenças renais continua sendo o melhor caminho.
A seguir, entenda mais sobre a diálise e seus diferentes tipos:
O que é a diálise
A diálise é uma terapia de substituição renal indicada quando os rins deixam de funcionar corretamente. Ela remove resíduos, excesso de líquidos e toxinas do sangue, ajudando a manter o equilíbrio do organismo. Sem ela, pessoas com insuficiência renal crônica não conseguiriam sobreviver.
Tipos de diálise
Existem duas modalidades principais: hemodiálise e diálise peritoneal. A indicação varia de acordo com o quadro clínico, idade, estilo de vida, doenças associadas e avaliação médica.
Hemodiálise
- Utilizada por cerca de 88% dos pacientes.
- Realizada em clínicas especializadas, geralmente três vezes por semana, com duração média de quatro horas por sessão.
- O sangue passa por uma máquina que atua como um “rim artificial”, filtrando as toxinas e devolvendo-o limpo ao corpo.
- Pode ser feita na forma convencional ou por hemodiafiltração, modalidade mais eficaz indicada em casos específicos.
- O acesso vascular mais utilizado é a fístula arteriovenosa. Para preservá-la, recomenda-se não carregar peso excessivo no braço, evitar aferição de pressão ou coleta de sangue nesse local e manter a higiene adequada, prevenindo infecções.
Diálise peritoneal
- Utiliza o peritônio, membrana que reveste os órgãos abdominais, como filtro natural.
- O paciente recebe um cateter na região abdominal, por onde se introduz um líquido especial que absorve as toxinas.
- Após algumas horas, esse líquido é substituído em um processo chamado “troca”.
- Pode ser feita manualmente ao longo do dia (DPAC – Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua) ou de forma automatizada à noite, enquanto o paciente dorme (DPA – Diálise Peritoneal Automatizada).
Vida durante a diálise
Contrariando muitos mitos, quem realiza o tratamento pode ter uma rotina ativa: trabalhar, estudar, viajar e praticar exercícios físicos leves ou moderados, sempre com acompanhamento médico. A prática de atividade física ajuda a manter a disposição e melhora a qualidade de vida.
Outro equívoco comum é acreditar que a diálise elimina a possibilidade de transplante. Na verdade, ocorre o contrário: a maioria dos pacientes que aguardam um rim compatível já está em diálise, que funciona como uma ponte até a cirurgia.
Direitos garantidos
No Brasil, pessoas com doença renal crônica em tratamento têm direito a benefícios previdenciários, como aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e até isenção de impostos em alguns casos — por exemplo, na compra de veículos. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante acesso gratuito tanto às sessões de diálise quanto às medicações necessárias.
Viagens também são possíveis. Diversas cidades no Brasil e no mundo possuem clínicas preparadas para receber pacientes em tratamento. O ideal é planejar com antecedência e avisar o centro de diálise para garantir o atendimento no destino.
Além disso, a diálise não significa uma sentença definitiva. Em casos de transplante renal bem-sucedido, o paciente deixa de precisar do tratamento.
