O lipedema é uma condição crônica marcada pelo acúmulo anormal de gordura sob a pele, principalmente em quadris, pernas, coxas e, em alguns casos, nos braços. Por se manifestar de forma semelhante ao sobrepeso ou ao inchaço, o diagnóstico costuma ser confundido.
Segundo a cirurgiã vascular e angiologista Cristienne Souza, da clínica Venous, o lipedema chega a ser interpretado até mesmo como obesidade, linfedema ou lipodistrofia ginóide. “O lipedema pode começar na puberdade, durante a gravidez, ou na menopausa. Acredita-se que os hormônios femininos desempenhem um papel crucial no desenvolvimento do lipedema, porém a fisiopatologia ainda é pouco conhecida”, explica.
A condição afeta majoritariamente mulheres. Um estudo nacional publicado em 2022 estimou que 12,3% da população feminina brasileira entre 18 e 69 anos tem lipedema — o que corresponde a cerca de 8,8 milhões de mulheres.
Como identificar
Os sinais clínicos ajudam a diferenciar o lipedema de outros quadros. Cristienne lista os principais:
- Acúmulo simétrico de gordura em quadris, pernas e coxas, às vezes nos braços, mas poupando pés e mãos;
- Desproporção entre extremidades e tronco;
- Dificuldade de reduzir o volume dos membros afetados, mesmo com perda de peso;
- Nódulos fibrosos sob a pele;
- Dor e sensibilidade ao toque;
- Tendência a hematomas espontâneos ou após pequenos traumas nas áreas afetadas.
“Esses sinais ajudam a diferenciar o lipedema de outras condições, como a obesidade, que não apresenta dor característica, e o linfedema, que inclui edema nos pés e mãos e não é simétrico”, ressalta a médica.
Diagnóstico precoce é essencial
A especialista alerta que a falta de informação leva a diagnósticos equivocados e tratamentos ineficazes. “Muitas mulheres sofrem com os sintomas por anos antes de um diagnóstico correto. A educação sobre essa condição pode ajudar a melhorar a qualidade de vida de muitos pacientes. Além disso, a pesquisa contínua é crucial para entender melhor as causas do lipedema e desenvolver tratamentos mais eficazes”, pontua.
Tratamento e qualidade de vida
Ainda não existem medicamentos capazes de tratar o lipedema diretamente. Os fármacos e suplementos disponíveis atuam apenas no controle de inflamação, fibrose, dor e inchaço.
“Os sinais e sintomas do lipedema precisam de tratamento para melhorar a qualidade de vida, incluindo dor, edema e mobilidade, sendo que o tratamento mais precoce proporciona melhores resultados”, afirma Cristienne.
De acordo com a médica, o tratamento conservador envolve orientação nutricional, uso de meias ou bandagens de compressão, fisioterapia manual e prática de exercícios. Em casos mais avançados, a cirurgia de redução do lipedema pode ser indicada para retirar os tecidos alterados, aliviando sintomas e melhorando a mobilidade.
É possível prevenir?
As causas do lipedema ainda não estão totalmente esclarecidas, por isso não existem formas conhecidas de prevenção. Porém, manter um estilo de vida saudável e o peso corporal adequado pode ajudar a amenizar sintomas e retardar a progressão da doença.
